Dica K: Manejo de plantas daninhas

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Hoje a Dica K vai dar prosseguimento ao assunto abordado na última sexta-feira (26), o manejo de plantas daninhas. Hoje vamos falar sobre o manejo de plantas daninhas em três das principais culturas: o milho, o feijão e o algodão. Mas antes, vamos rever o último Minuto K? Basta clicar no link aqui embaixo.

Manejo de plantas daninhas na cultura do milho

Uma das grandes barreiras para a produção mundial de milho ainda é a presença de plantas daninhas na cultura. As perdas na produção ocasionadas pela interferência de plantas daninhas na cultura do milho podem variar de 10% a 85%. As plantas daninhas podem também diminuir a qualidade do milho, tanto por dificultar o seu desenvolvimento e beneficiamento, quanto por alterar suas características, além de encarecerem as práticas agrícolas e servirem de hospedeiras para pragas e doenças.

O manejo de plantas daninhas na cultura do milho deve enfatizar a utilização das diferentes estratégias de controle, considerando a infra-estrutura e a mão-de-obra disponíveis para a obtenção de um bom resultado na produção. O manejo integrado de plantas daninhas deve ser utilizado com o objetivo de racionalização do uso dos herbicidas, do ambiente e dos custos de produção.

Assim como na cultura do feijoeiro que vimos anteriormente, os principais métodos de controle são: preventivo, cultural, mecânico e químico.

Controle preventivo

O controle preventivo de plantas daninhas na cultura do milho está associado à algumas práticas como utilizar sementes de boa qualidade, promover a limpeza rigorosa de todas as máquinas e de todos os implementos, antes de serem transportados para outras, controlar o desenvolvimento das invasoras, impedindo, ao máximo, a produção de sementes e/ou estruturas de reprodução nas margens de cercas, estradas, terraços, pátios, canais de irrigação e demais locais de infestação; e por fim, utilizar rotação de culturas e herbicidas.

Controle cultural

Esse método consiste na utilização das características da cultura e do meio ambiente para aumentar a capacidade competitiva das plantas de milho, favorecendo seu crescimento e desenvolvimento.

Uso de variedades adaptativas

Escolha cultivares que se desenvolvem mais rapidamente e cobrem o solo de maneira mais intensa, controlam melhor as plantas daninhas e sofrem menos com a interferência que elas provocam.

Escolha cultivares que mais se adaptam à região, capazes de apresentar resistência, ou tolerância às pragas e doenças da região.

Densidade de semeadura e espaçamento

O arranjo mais equidistante das plantas de milho com redução do espaçamento entre fileiras diminui o potencial de crescimento das plantas daninhas por aumentar a quantidade de luz interceptada pelo dossel da cultura.

A densidade de plantio (número de plantas por unidade de área) apresenta importante papel no rendimento de uma lavoura. Cada cultura apresenta uma densidade ótima (quando o rendimento é máximo), que é variável para cada situação e depende de três condições: cultivar, disponibilidade hídrica e disponibilidade de nutrientes.

Época de plantio

A época mais adequada para o plantio do milho é aquela em que o período de floração coincide com os dias mais longos do ano e a etapa de enchimento de grãos, com o período de temperaturas mais elevadas e alta disponibilidade de radiação solar, desde que sejam satisfeitas as necessidades de água pela planta.

Nas condições tropicais, devido à menor variação da temperatura e do comprimento do dia, a distribuição de chuvas é que geralmente determina a melhor época de semeadura.

Uso de cobertura morta

No sistema de plantio direto, antes da semeadura da cultura é necessária à realização da operação de manejo, com o objetivo de controlar plantas daninhas e formar a cobertura morta na qual a cultura será semeada.

O manejo mecânico pode ser realizado com roçadeiras, rolo facas ou mesmo grades niveladoras de disco destravadas. A eficiência desse método depende da época de sua realização, sendo esta normalmente mais eficiente quando realizada no estádio de florescimento pleno da cobertura vegetal.

Alelopatia

As plantas daninhas podem ter seu desenvolvimento suprimido ou estimulado por meio de plantas vivas ou de seus resíduos, os quais liberam substâncias químicas no ambiente.

A utilização da alelopatia para o manejo de plantas daninhas, é sugerida por Kohli et al. (1998), através de três propostas:

 

  • transferência de genes responsáveis pela síntese de aleloquímicos entre as culturas;
  • uso de rotação de culturas, combinando culturas companheiras capazes de reduzir a população de plantas daninhas por meio do seu potencial alelopático e;
  • uso de aleloquímicos obtidos das plantas como herbicidas, sendo um método seguro e efetivo, uma vez que são produtos naturais biodegradáveis e não persistem no solo como poluentes.

Rotação de culturas

A alternância temporal do cultivo de diferentes espécies vegetais numa determinada área, provoca a modificação da intensidade de competição e os efeitos alelopáticos a que são submetidas às plantas daninhas, além de poder se utilizar de uma rotação de herbicidas em uma mesma área de cultivo, dificultando a perpetuação de espécies e o aparecimento de plantas resistentes.

Controle mecânico

O controle físico é realizado através da ação de arrancar ou cortar as plantas daninhas. Este método pode ser realizado manualmente ou com o auxílio de máquinas.

Controle químico

O controle químico é atualmente o mais utilizado na cultura do milho no Brasil. O agricultor deve sempre utilizar herbicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, bem como nas Secretarias Estaduais de Agricultura.

A seleção do produto deve ser baseada nas espécies de plantas presentes na área a ser tratada, bem como nas características físico-químicas dos produtos. Na aplicação, devem-se verificar as condições climáticas, bem como as condições do solo e das plantas.

Para a aplicação de herbicidas pré-emergentes, verificar as condições de umidade do solo para o manejo das plantas daninhas antes da sua emergência. As aplicações em pós-emergência são realizadas após a emergência das plantas daninhas e da cultura; devem ser observadas as condições em que se encontram as plantas daninhas, evitando aplicar os herbicidas em condições de estresse destas.

É importante verificar a persistência média no solo dos herbicidas utilizados nas culturas antecessoras, uma vez que eles podem tornar-se fitotóxicos para a cultura seguinte.

Manejo de plantas daninhas na cultura do algodão

A cultura do algodão é uma das mais importantes do mundo em termos econômicos, mais de 80 países no mundo cultivam economicamente o algodão, em especial o Brasil, que é um dos maiores produtores e consumidores da fibra de algodão no planeta.

Assim como nas outras culturas que abordamos anteriormente em nosso blog, as plantas daninhas são grandes inimigas dessa cultura também. Elas interferem de várias maneiras, como a competição pelo substrato ecológico (luz, água, nutrientes e dióxido de carbono) com a cultura. Elas reduzem a qualidade da produção, por prejudicarem a colheita, sujarem a fibra, reduzindo a qualidade extrínseca do algodão em caroço colhido. O algodoeiro é um fitosistema extremamente sensível a competição causada pelas plantas daninhas que não forem controladas, podendo causar perdas totais na produção e/ou reduzir bastante a qualidade do produto final.

Há vários métodos de controle das plantas daninhas, os herbicidas se constituem nos mais importantes, em especial as misturas de produtos, com mecanismos de ação diferentes para evitar ou retardar o surgimento de plantas resistentes aos produtos.

Na atualidade a resistência das plantas daninhas aos herbicidas é um dos maiores problemas. A superdosagem e também a subdosagem de qualquer produto podem levar ao surgimento de plantas daninhas resistentes aos herbicidas e outro problema são as dosagens certas, porém sem um manejo adequado do controle das plantas daninhas, com rotação de produtos e uso de produtos de diferentes mecanismos de ação.

Para o manejo adequado e pelo menos retardar o surgimento de espécies resistentes aos herbicidas, recomenda-se:

  • Utilizar herbicidas de diferentes mecanismos de ação, tanto no mesmo ano, em misturas de tanque ou formulações prontas e também entre anos, tendo sempre o histórico da área a ser trabalhada;
  • Realizar sempre rotações de herbicidas e de culturas;
  • Evitar o uso de produtos com resistência já comprovada, em especial em aplicações isoladas;
  • Fazer sempre o monitoramento da área, deixando uma pequena área sem aplicar herbicidas para se comparar à evolução das espécies, dominância, densidade e outros aspectos da sociologia vegetal ou sinecologia.

É importante também planejar um sistema de manejo integrado de plantas daninhas envolvendo diversos métodos de combate, inclusive o físico, via fogo de elevada intensidade e concentrado para evitar o uso contínuo de herbicidas numa mesma área e dosagem.

A rotação de culturas é outro método de extrema importância no controle de plantas daninhas, bem como o estabelecimento de um plano de ação integrada.

 


 

Manejo de plantas daninhas na cultura do feijão

As plantas daninhas costumam causar muitos danos à cultura do feijoeiro por concorrer com água, nutrientes, luz e também por ter espécies hospedeiras de doenças e dificultar a colheita.

O período em que a cultura do feijão é mais prejudicada pela competição com as plantas daninhas, vai dos 15 aos 30 dias após a emergência das plantas de feijão. Para controlar as plantas daninhas, existem métodos culturais e preventivos, mecânicos e químico.

Controle cultural e preventivo

Entre as medidas preventivas estão:

  • Evitar o uso de sementes contaminadas com propágulos de plantas daninhas.
  • Rotação de culturas não envolvendo outra leguminosa. Essa prática é essencial para o sucesso da cultura, entre outros fatores, pela redução da ocorrência de certas espécies de plantas daninhas.
  • No plantio convencional, realizar a gradagem o mais próximo possível do momento da semeadura.
  • Na semeadura direta, realizar a dessecação no momento oportuno e procurando ter o máximo de eficiência, isto é, evitar a ocorrência de áreas não dessecadas.
  • Utilizar espaçamento correto entre linhas para promover o rápido fechamento das entre linhas e diminuir a incidência de luz nas plantas daninhas.
  • Utilizar sementes de boa qualidade o que irá proporcionar lavouras sem falhas.
  • Quando a semeadura for mecanizada, devem-se utilizar máquinas que façam uma distribuição uniforme das sementes.
  • Solo bem preparado que possibilite realizar um plantio sem obstáculos para a distribuição das sementes.

Controle mecânico

O controle mecânico é realizado por meio de capina manual e cultivadores à tração animal e mecânico, com solo pouco úmido para aumentar a eficiência de controle, com cuidado para não danificar as plantas de feijão.

A capina manual deve ser iniciada no início do desenvolvimento das plantas daninhas. As chuvas podem atrasar o início da operação, isso aumenta a ineficiência de controle.

O controle mecânico apresenta um rendimento superior à capina manual, mas provoca maior movimentação da camada superficial do solo e contribui para a ocorrência de erosão.

Controle Químico

Esse método deve ser restrito às áreas de feijão solteiro e é preciso ler com atenção e utilizar as recomendações preconizadas pelos fabricantes. Os produtos disponíveis no mercado podem ser utilizados em pré-plantio, em pré- emergência e pós-emergência.

Especialmente quando as condições climáticas não são favoráveis, os produtos disponíveis podem causar fitotoxidez, mesmo utilizando as doses recomendadas pelo fabricante. Contudo, na maioria dos casos, as plantas se recuperam rapidamente do dano causado pelo produto químico, não chegando a afetar a produção.

É necessário verificar se o produto a ser utilizado é cadastrado no respectivo órgão regulamentador de cada Estado. A alternância de produtos é uma prática que deve ser utilizada como forma de evitar a resistência das plantas daninhas. O sucesso da operação depende da correta aplicação no que se refere às condições climáticas e de manejo, época correta de aplicação e estádio da planta daninha, quando for o caso.

 

Clique na imagem abaixo para se tornar um Mestre do Manejo.

Fonte (milho): Fonte: KARAN, Décio. CRUZ, Michelle Barbeiro da. RIZZARDI, Mauro Antônio. Manejo de plantas daninhas na cultura do milho. Embrapa.
Fonte (algodão): BELTRÃO, Napoleão Esberard de Macêdo. Controle de plantas daninhas na cultura do algodão. Embrapa.
Fonte (feijão): Embrapa

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