Mesmo com a situação climática atual do Centro-Oeste goiano, alguns produtores do Mato Grosso do Sul, que aplicam a técnica do SPD (Sistema de Plantio Direto), estão conseguindo garantir a semeadura da soja, isso porque o solo coberto garante a umidade e proteção necessária para as sementes.
Os produtores de Douradina, em Mato Grosso do Sul, já iniciaram o plantio de soja na safra 2016/17, mas diferentemente de outros estados, eles não temem a chegada de uma estiagem, pois contam com um elemento que ajuda na cobertura de solo, manutenção da umidade e no aumento da produtividade: a braquiária aliada ao milho.
Na propriedade de Lucio Damália, um técnico agrícola de formação, conhecimento não é apenas uma palavra, mas uma atitude demonstrada em seus campos.
Sediado em Douradina, sua propriedade possui uma área de 320 hectares, que há dez anos é coberta com braquiária em consórcio com o milho safrinha. “A raiz cria os canalicos, caminhos para descer a água, calcário, adubo e carrear fósforo, cálcio para o subsolo, que nós temos deficiência”, afirma Damália.
Confiando em sua técnica, Damália começou a plantar a soja, mesmo sem chuva, pois sabe que, mesmo se chover um pouco, a semente vai ter condições de se desenvolver e se chover muito também. “Tanto o solo, quanto os nutrientes ganharão por causa desta cobertura. O melhor de tudo isso é que a produtividade vai ser maior”, comemora o agricultor.
Segundo o pesquisador da Embrapa, Gessi Seccon, que acompanha o trabalho feito por Damália, é difícil falar em estatística, mas é comprovado pela pesquisa um ganho de produtividade nas áreas que tem cobertura como esta. Um outro dado também reforça o beneficio desta prática, nesta área o nível de matéria orgânica no solo chega hoje a 3%, o ideal para caracterizar um solo bem fértil é de 5%. “Graças a este trabalho que vem fazendo com a braquiaria e o milho safrinha, com a soja em sucessão, a quantidade de matéria orgânica aumentou de 1,5%, para 3%”, comenta Seccon.
A braquiária, consorciada com o milho safrinha, para cobertura do solo, já é usada em pelo menos 40% das lavouras do Mato Grosso do Sul. Agora a pesquisa está trabalhando também para melhorar o manejo que o produtor faz com a planta e aumentar ainda mais os benefícios que ela deixa no solo. “Nosso desafio é diminuir o espaço entre a braquiária verde e o plantio da soja. Quanto mais próximo da dessecação nós fizermos a semeadura da soja, menor é o tempo que teremos o material se decompondo. Ou seja, que nós tenhamos o solo coberto o tempo todo e de preferência verde”, garante o pesquisador da Embrapa.
Fonte: Soja Brasil